Hoje nós iremos conhecer um pouco mais sobre a história do saudoso e lendário, Mané Garrincha. O homem que revolucionou o futebol.

"...A um passe de Didi, Garrincha avança, colado o couro aos pés, o olhar atento. Dribla um, dribla dois, depois descansa…”

Esse é um trecho de um poema escrito por Vinícius de Moraes. o nome do soneto entrega a fonte de inspiração: "O Anjo das Pernas Tortas". O apelido de alguém, que já tinha outro apelido. Manoel Francisco dos Santos era "Mané". Mas não em sentido pejorativo, ele era um mané diferente.

Infância e Juventude

Nascido em 28 de outubro de 1933, Garrincha foi um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Ídolo do Botafogo e da Seleção Brasileira, o eterno camisa 7 é tido até hoje, como o maior driblador de todos os tempos.

Manoel não teve uma infância fácil. Ao lado de 15 irmãos, vivia de forma humilde no distrito de Magé, no Rio de Janeiro. Uma de suas irmãs, inclusive, foi a responsável por apelidá-lo de Garrincha, em referência a um pássaro muito comum na região em que eles moravam e que o garoto amava ficar correndo atrás. E foi com este apelido que ele ficou conhecido no mundo todo. 

O Início nos Gramados

Garrincha sempre se interessou pelo futebol. Chegou a jogar no clube da cidade, mas, um problema de nascença na coluna fazia com que o sonho de se tornar jogador profissional, parecesse improvável. Chegou a fazer teste no Flamengo e no Vasco, mas foi duramente rejeitado por sua condição física.  Já que sua perna direita era seis centímetros maior do que a esquerda.

Mané Garrincha
Jorge Sorrentino / O Globo

Foi então que Arati, ex-jogador do Botafogo, viu Garrincha atuando e ficou encantado com a habilidade e facilidade que ele tinha em passar pelos marcadores. Ao final da partida, o jogador convidou o garoto para um treino no clube carioca. Em 1953, chegava a general severiano, um atacante de pernas tortas, que nunca havia treinado com um time profissional antes, e que teria a dura missão de passar por Nilton Santos, um dos maiores defensores da época.

Cenário intimidador para qualquer garoto, certo?  Mas não para Garrincha. O atacante foi para cima, e aplicou três dribles desconcertantes em Nilton Santos, que depois do treino, pediu para que os dirigentes contratassem o jovem jogador.

Foram 12 anos defendendo o Botafogo. Pelo clube carioca, se tornou um dos maiores pontas direita do mundo, com um repertório interminável de dribles e uma habilidade pouco vista, até então.

Mané Garrincha
Garrincha driblando goleiro (Foto: Arquivo L!)

Estreia na Copa do Mundo

O garoto era o terror das zagas adversárias. Seu comportamento em campo soava até um pouco arrogante, mas sua simpatia e humildade fora dos gramados, cativava a todos. As constantes exibições de gala pelo Botafogo estavam chamando cada vez mais a atenção e foram cruciais na sua convocação para a Copa do Mundo, em 1958.

Mané Garrincha
Imagem: Foto Reprodução

O Brasil contava com grandes atacantes naquela época, mas era impensável não dar uma oportunidade para o camisa 7 que vivia grande fase. Garrincha começou os dois primeiros jogos no banco de reservas, mas na terceira partida, aconteceu a estreia de uma das maiores duplas da seleção: Pelé e Garrincha.

Mané Garrincha
Imagem: Foto Reprodução

Os dois jogaram muito nos jogos seguintes e foram fundamentais para a chegada da equipe até a final. A decisão foi contra a Suécia, mas nem mesmo um gol aos 4 minutos dos donos da casa, abalou a confiança da seleção. Final de 5 a 2, e o Brasil se sagrava campeão mundial pela primeira vez. Após a copa, Garrincha virou um dos maiores jogadores do futebol brasileiro.

Esporte
Primeira Copa do Mundo - Reprodução

Carreira Brilhante

Titular incontestável do Botafogo, o craque conquistou dois campeonatos cariocas em cima do Flamengo e brilhou na excursão que o time fez pela Europa e América Latina. Em 62, na Copa do Chile, o Brasil contava com Pelé e Garrincha em grande fase.

O camisa 10, Pelé, era a grande estrela do time, mas na segunda partida, contra a Tchecoslováquia, o rei se machucou e ficou fora do restante do mundial. Foi aí que a estrela de Garrincha brilhou, ainda mais.

Esporte
Garrincha estrela da Copa - Foto Reprodução

O craque do Botafogo deu um baile nos adversários e carregou o Brasil até a final. No dia da decisão, o camisa 7 apresentava um quadro de febre, mas foi para o jogo. Com uma atuação discreta, viu o time brilhar e vencer novamente. Brasil, se tornava bicampeão mundial.

O Adeus aos Campos

Em 1963, Garrincha começou a declinar na carreira. Uma lesão mal curada no joelho e os problemas com o álcool começaram a interferir diretamente nas suas performances. Em 66, deixou o Botafogo e nunca mais jogou em alto nível. Passou por Corinthians, Flamengo e Vasco, mas sem nenhum protagonismo, longe disso.

Mané Garrincha
Créditos: Acervo Estadão

Um craque com tantas glórias viveu um final de trajetória melancólico, onde chegou a atuar por alguns anos em clubes de pequena expressão e até amadores.Em 1972, o anjo das pernas tortas anunciava sua aposentadoria.

Vida Pessoal e Legado

O jogador que impressionou o mundo com sua arte, encantou inclusive, a artista Elza Soares. Os dois viveram juntos por 15 anos. Driblador de primeira, só não conseguiu passar por seu pior rival: o álcool. O problema de Garrincha com o alcoolismo tirava Elza do sério. E foi a cantora, que presenciou como poucos, a decadência de Garrincha.

Esporte
Elza Soares - Imagem: Foto Reprodução

E em 20 de janeiro de 1983, o mundo deu adeus ao anjo das pernas tortas. Garrincha morreu aos 49 anos, por sérios problemas no fígado. O jogador teve uma vida solitária antes de partir. Um triste fim, para aquele que já foi considerado um herói nacional.

Mas, ele é lembrado não apenas como um dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos, mas também como um símbolo de superação e alegria. Em uma época em que o futebol ainda estava se formando como o esporte global que é hoje, Garrincha ajudou a definir o padrão do que significa ser uma superestrela no campo.

Em homenagem a sua genialidade e impacto no esporte, o Estádio Nacional de Brasília foi renomeado como Estádio Nacional Mané Garrincha. Uma prova concreta de que seu legado ainda ressoa no coração do povo brasileiro.

Esporte
Estádio Mané Garrincha - Reprodução

Em uma era dominada por táticas e esquemas rígidos, Garrincha nos lembra da beleza pura e simples de um drible, de uma jogada imprevisível e da alegria de jogar futebol. Em muitos aspectos, ele personifica o "jogo bonito" que o Brasil deu ao mundo.

A vida do Mané não foi só alegrias. Mas no campo, era um verdadeiro showman. Sua carreira teve um fim um tanto triste, mas seu legado no futebol é eterno. Afinal Garrincha, sempre vai ser Garrincha.

Confira mais detalhes sobre esta história no canal do youtube Esportivado:

 

Compartilhar Facebook Compartilhar WhatsApp Compartilhar Telegram