Nascida e criada em periferia, Daiane entrou para a ginástica artística aos 11 anos e se destacou. Mergulhe agora na trajetória da atleta que se tornou ícone do esporte
Daiane dos Santos, hoje com 40 anos, fez história e deixou um grande legado. Com um talento inquestionável, a gaúcha transformou a cara da ginástica artística no Brasil e no mundo. Ela tinha uma performance inigualável, trazia uma combinação de técnica, força e interpretação musical.
Biografia
Daiane dos Santos nasceu no dia 10 de fevereiro de 1983, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. É filha de Magda Garcia dos Santos e de Moacir dos Santos. Ela começou a praticar ginástica artística aos 11 anos, uma idade considerada tardia para o esporte, mas, mesmo assim ela não deixou de se destacar e foi longe.
A história de Daiane na ginástica começou quando ela brincava em uma praça e foi descoberta por uma professora. Cleusa de Paula estava passando pelo local quando viu Daiane e percebeu seu talento. A jovem na época começou a treinar no Centro Estadual de Treinamento Esportivo e depois no Grêmio Náutico União.
Carreira
Aos 12 anos, Daiane dos Santos já era uma atleta de alto rendimento e aos 13 entrou para Seleção Brasileira. Três anos depois já conquistou medalha de prata no salto, de bronze por equipes e outra medalha de bronze no solo nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg em 1999, no Canadá.
Em 2003 Daiane mostrou que, apesar da sua idade ser considerada tardia, não a impediria de ir longe. Nesse ano, Daiane dos Santos fez história ao som de "Brasileirinho" de Waldir Azevedo, e se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha de ouro no Mundial de Ginástica, disputado em Anaheim, na Califórnia, EUA. Além disso, apresentou pela primeira vez o salto "Duplo Twist Carpado", salto em que a atleta gira em torno de si e depois dá um mortal duplo.
Em 2004, nas Olimpíadas de Atenas, mesmo lesionada e tendo ficado em quinto lugar no solo, ela se destacou mais uma vez, com outro salto inédito: o Duplo Twist Esticado. Esse salto a ginasta deve de costas dar dois saltos mortais com o corpo ereto e com as pernas esticadas.
Os dois movimentos foram criados pela própria Daiane em parceria com o treinador ucraniano Oleg Ostapenko. E em reconhecimento a Federação Internacional de Ginástica (FIG) os chamou de ‘Dos Santos I' e ‘Dos Santos II’.
Em dezembro do mesmo ano, também ao som de "Brasileirinho", a atleta tornou-se Campeã Mundial de solo em Birmingham, na Inglaterra. Já no ano seguinte, a ginasta tentou defender seu título mundial em Melbourne, na Austrália, mas acabou em sétimo lugar.
No ano de 2006 ela inovou e levou uma nova música em sua apresentação. No mundial de Aarhus na Dinamarca, ao som de "isto aqui o que é?" de Ari Barroso, seguiu à final do solo e encerrou na quarta colocação. Mas no fim do ano, em mais uma final de Copa do Mundo, a ginasta competiu novamente no solo e conquistou seu segundo ouro.
Depois do sucesso no Mundial, Daiane passou a colecionar medalhas. Ao todo, a gaúcha tem 9 medalhas de ouro em etapas de Copa do Mundo da modalidade e 5 medalhas, sendo duas de prata e três de bronze em jogos pan-americanos.
Daiane dos Santos disputou em 2007, a Copa Mundial Ghent e ganhou medalha de bronze no solo. Nesse mesmo ano, no Pan-Americano no Rio de Janeiro, ela conquistou a medalha de prata por equipe, nessa época ela havia sofrido uma lesão no tornozelo.
Em 2008, Daiane dos Santos participou dos Jogos Olímpicos de Pequim, mas não conseguiu repetir o desempenho que lhe rendeu títulos em campeonatos mundiais anteriores. Chegou a se classificar para a final do solo, mas não conseguiu uma posição no pódio.
A última participação da ginasta, foi nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, mas não conseguiu ir além da fase eliminatória. Logo após, ela anunciou sua aposentadoria, aos 29 anos.
Legado
A aposentadoria veio, mas, a atleta deixou um grande legado na ginástica brasileira, tanto que é lembrada até hoje. Sua trajetória foi grandiosa. Daiane inspirou e inspira muitas crianças e adolescentes que têm um sonho.
Sua dedicação e paixão pela ginástica levou-a criar o “Projeto Brasileirinhos”. Fundado em 2016, o projeto tem como objetivo dar para crianças carentes a oportunidade de ter acesso a ginástica artística. Hoje, além de se dedicar ao projeto, ela é influenciadora esportiva, comentarista e embaixadora da ONU Mulheres.